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Berberina: Uma Revisão de Seus Benefícios Clínicos e Potencial Terapêutico

Berberina: Uma Revisão de Seus Benefícios Clínicos e Potencial Terapêutico

Introdução

A berberina é um alcaloide natural encontrado em várias plantas, como a goldenseal, cúrcuma de árvore e papoula espinhosa. Tradicionalmente utilizada na medicina Ayurveda e na Medicina Tradicional Chinesa, a berberina tem sido empregada no tratamento de distúrbios inflamatórios, condições digestivas e infecções. Recentemente, tem ganhado destaque como suplemento dietético para auxiliar no controle de níveis de açúcar no sangue, triglicerídeos e colesterol.

Principais Resultados

  1. Efeitos Lipídicos:Redução de Colesterol e Triglicerídeos: Uma revisão sistemática de 11 ensaios clínicos com 874 pacientes com hiperlipidemia ou diabetes tipo 2 demonstrou que a berberina está associada a diminuições significativas nos níveis de colesterol total (redução de 0,61 mmol/L), triglicerídeos (redução de 0,50 mmol/L) e LDL-colesterol (redução de 0,65 mmol/L) em comparação com grupos controle. As doses variaram de 0,5 g a 1,5 g por dia, durante 8 a 52 semanas (Dong et al., 2013).Segurança e Eficácia com Estatinas: Outra meta-análise de 16 ensaios envolvendo 2.147 pacientes confirmou reduções significativas nos níveis de colesterol total, LDL-colesterol e triglicerídeos com doses de berberina entre 600 mg e 1.500 mg/dia, por períodos de 1 a 24 meses. No entanto, destacou-se a necessidade de cautela devido à heterogeneidade e alto risco de viés em muitos dos estudos analisados (Zhang et al., 2019).
  2. Parâmetros Metabólicos e Inflamatórios:Redução de Peso e Inflamação: Uma revisão sistemática de 12 estudos associou a suplementação de berberina a reduções significativas no peso corporal, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura e níveis de proteína C-reativa, sugerindo benefícios potenciais em doenças metabólicas (Asbaghi et al., 2020).
  3. Quimioprevenção em Câncer Colorretal:Redução da Recorrência de Adenomas: Em um estudo multicêntrico, duplo-cego e controlado com placebo, 1.108 pacientes que receberam 0,3 g de berberina duas vezes ao dia apresentaram redução no risco de recorrência de adenomas colorretais após polipectomia (Razão de Risco Relativo = 0,77; IC 95% = 0,66–0,91; P = 0,001), indicando um possível papel quimiopreventivo (Chen et al., 2020).
  4. Combinações Nutracêuticas:Sinergia com Outros Suplementos: Estudos sugerem que a berberina, quando combinada com outros compostos como arroz vermelho fermentado, policosanol, astaxantina, ácido fólico e coenzima Q10, pode melhorar perfis lipídicos, especialmente em pacientes intolerantes a estatinas (Pirro et al., 2019; Millán et al., 2016).

Comentários

Apesar dos resultados promissores, muitos estudos apresentam limitações significativas, como pequeno tamanho amostral, duração curta e risco de viés. A biodisponibilidade oral limitada da berberina é outro desafio, levando a pesquisas sobre formulações que aumentem sua absorção. Além disso, a berberina pode interagir com medicamentos metabolizados pelas enzimas CYP450, exigindo cautela em pacientes que fazem uso de outros fármacos.

Conclusão

A berberina mostra potencial na redução de lipídios sanguíneos, melhoria de parâmetros metabólicos e possível quimioprevenção do câncer colorretal. No entanto, devido às limitações metodológicas dos estudos atuais e às preocupações com segurança e interações medicamentosas, são necessários ensaios clínicos maiores e bem delineados para estabelecer seu papel terapêutico definitivo. Profissionais de saúde devem considerar as evidências disponíveis e avaliar individualmente os benefícios e riscos ao recomendar a berberina.

Referências Bibliográficas:

  1. Dong H, Zhao Y, Zhao L, Lu F. (2013). The effects of berberine on blood lipids: A systemic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Planta Medica, 79(6), 437-446.
  2. Zhang LS, Zhang JH, Feng R, et al. (2019). Efficacy and safety of berberine alone or combined with statins for the treatment of hyperlipidemia: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled clinical trials. American Journal of Chinese Medicine, 47(4), 751-767.
  3. Asbaghi O, Ghanbari N, Shekari M, et al. (2020). The effect of berberine supplementation on obesity parameters, inflammation and liver function enzymes: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Clinical Nutrition ESPEN, 38, 43-49.
  4. Chen YX, Gao QY, Zou TH, et al. (2020). Berberine versus placebo for the prevention of recurrent colorectal adenoma: A multicentre, double-blind, randomised controlled study. The Lancet Gastroenterology & Hepatology, 5(3), 267-275.
  5. Pirro M, Francisci D, Bianconi V, et al. (2019). NUtraceutical TReatment for hypercholesterolemic HIV patients: The NU-TRY(HIV) randomized cross-over trial. Atherosclerosis, 280, 51-57.
  6. Millán J, Cicero AFG, Torres F, et al. (2016). Effects of a nutraceutical combination on lipid profile in subjects with hypercholesterolemia: A meta-analysis of randomized controlled trials. Clínica e Investigación en Arteriosclerosis, 28(4), 178-187.
  7. Pirillo A, Catapano AL. (2015). Berberine, a plant alkaloid with lipid- and glucose-lowering properties: From in vitro evidence to clinical studies. Atherosclerosis, 243(2), 449-461.

Desenvolvido pelo médico oncologista Dr. Marcelo Antunes.

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